quarta-feira, 25 de agosto de 2010

ANATOMIA DA BONECA MANIFESTO

Anatomia da Boneca – Manifesto.

O espetáculo/performance multimídia Anatomia da Boneca é um processo  investigativo em torno do universo feminino e da performance-arte como território de amplificação das fronteiras do teatro e dos artistas do corpo. O projeto utiliza o hibridismo de linguagens para a criação e execução do trabalho: intervenções performáticas em lugares inusitados, fotografia como performance e vídeos editados em tempo real na cena.

Anatomia da Boneca é a construção do feminino via o inorgânico, ou seja, do ponto de vista da boneca. 





Nossa surpresa ao começar o processo de dissecação do corpo feminino foi não encontrarmos vísceras e sangue, mas outras mulheres, imagens e comportamentos. Segundo Antonin Artaud, (poeta, ator, escritor, dramaturgo, roteirista e diretor de teatro francês) o corpo seria uma caixa com fundo falso que se abre para toda a realidade. É assim que o encontramos: vazio. O dentro acaba sendo um portal para o fora. Tocando e vivenciado estes comportamentos e imagens que criam e ao mesmo tempo estratificam a mulher, propomos uma ação micropolítica e cruel de liberdade.


Aqui o feminino não é ser geneticamente mulher, com o sexo, mas é uma construção de comportamento, definida pelo cenário de cada cultura social e estética. O feminino se dá por ação, ou seja, uma construção, em última análise, performática. Anatomia da Boneca é a viagem através destes comportamentos-fantasmas que achamos em nossa cirurgia sensível, uma devolução pública da matéria pública que nos forma. Judith Butler, no livro Gender TroubleFeminism and the Subversion of Identity, estabelece interlocuções com diferentes autoras, entre as quais destaca-se Simone de Beauvoir. No debate com a escritora, Butler indica os limites dessas análises de gênero que, segundo ela, pressupõem e definem por antecipação as possibilidades das configurações imagináveis e realizáveis de gênero na cultura. Partindo da emblemática afirmação "A gente não nasce mulher, torna-se mulher", Butler aponta para o fato de que "não há nada em sua explicação [de Beauvoir] que garanta que o 'ser' que se torna mulher seja necessariamente fêmea". Imbloc (Andressa Cantergiani) – JdR (João de Ricardo)

Nenhum comentário: